A IGREJA DE ESRMIRNA – A IGREJA PERSEGUIDA (100 – 312 d.C

24/11/2012 21:21

 

Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: (8)Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.(9)Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.(10)Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz ó igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte.(11)

 

1 - CONTEXTO HISTÓRICO:

 

PERFIL DA IGREJA DE ESMIRNA

 

Historicamente falando, pouco se sabe sobre a Igreja de Esmirna, mas o que se sabe ao certo é que foi uma igreja que permaneceu fiel em meio à perseguição implacável dos imperadores romanos. Esta carta elogia e encoraja, sem oferecer nenhuma crítica dos cristãos em Esmirna.

Comparando a igreja de Esmirna com os períodos históricos pelos quais passou a igreja de Jesus Cristo, ela corresponde ao período de 100 a 312 d.C., quando sofreu intensa perseguição dos imperadores romanos que tinham o objetivo de banir o Cristianismo da face da terra. Foi talvez a maior perseguição sofrida pela Igreja de Jesus Cristo até os dias de hoje. Atribui-se, então, à igreja de Esmirna o título de igreja perseguida.

Na época do Novo Testamento, Esmirna provavelmente tinha uma população entre 100.000 e 250.000 habitantes. Por ser um porto excelente, facilitando o comércio entre a Ásia e a Europa, era uma cidade próspera.

Esmirna significa “Mirra” (seu significado no hebraico é amargo). A mirra é um arbusto que cresce nas regiões desérticas, especialmente na África (nativa da Somália e partes orientais da Etiópia) e no Médio Oriente. É também, o nome dado à resina de coloração marrom-avermelhada obtida da seiva seca dessa árvore.

A igreja de Esmirna passou por grandes amarguras, na realidade, Jesus disse para ela: “Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás”.

Era uma igreja sofrida, que enfrentava tribulações e isto em meio à pobreza que potencia qualquer tribulação. Mas o Senhor disse que ela era rica.

Ainda havia ali um grupo de falsos judeus, aqueles que a Bíblia chama de “judaizantes”. Eram pessoas que desejavam embutir na igreja as coisas velhas do judaísmo, desprezando a nova luz, a aurora do Evangelho puro pregado pelo Senhor Jesus.

 

A Fundação da Igreja em Esmirna

 

Esmirna (Hoje conhecida como Izmir, a terceira maior cidade da Turquia e o segundo mais importante porto do país) estava localizada ao norte de Éfeso e era considerada como o centro comercial da Ásia menor. Era um ponto estratégico da rota direta de todo comércio que fluía entre Roma, Pérsia e Índia. Era uma cidade de uma região de aproximadamente 3.000 anos habitada antes de Cristo. A antiga cidade foi destruída pelos lídios em 600 a.C. e reconstruída pelos gregos no final do 4º século a.C., durante o reinado de Alexandre Magno, o Grande. A cidade ganhou nova vida, e pode ser descrita como uma cidade que morreu e tornou a viver.

Mapa das 7 igrejas da Ásia

Alexandre Magno, o Grande

 

O comércio internacional favorecia economicamente a cidade, que era grande exportadora de mirra, além de ser considerada a mais bela cidade da Ásia Menor, pois ficava entre o mar e as montanhas. Sua estrutura urbana era modelo para as demais cidades de sua época.

Durante o domínio romano, Esmirna se tornou um centro de idolatria oficial, conhecida como Guardião do Templo. Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo para a adoração da cidade (deusa) de Roma (195 a.C.). Em 26 d.C., foi escolhida como local do templo ao imperador Tibério. Foram descobertas imagens, na praça principal da cidade, de Posêidon (deus grego do mar) e de Deméter (deusa grega da ceifa e da terra). Também eram adorados os deuses Cibele, Apolo, Asclépio, Afrodite e Zeus.

 

Imperador Tibério

Poseidon

Deméter

Cibele

 

 

 

 

Apolo

Asclépio

Afrodite

Zeus

Não há registros específicos da chegada do Evangelho e da fundação da igreja em Esmirna, mas podemos sem problema algum enquadrar tais fatos no contexto de Atos 19.10. Como na grande maioria dos casos, na medida em que foi estabelecida pela pregação do Evangelho, a igreja em Esmirna começou a provocar e a vivenciar algumas tensões, inquietações e desconfortos, que aos poucos se transformou numa violenta e cruel perseguição.

 

2 – CONTEXTO BÍBLICO

 

A Perseguição à Igreja em Esmirna

 

Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último (8): Jesus começa esta carta com as palavras de 1:17, frisando a sua eternidade.

Que esteve morto e tornou a viver (8): Quase igual a afirmação de 1:18, esta frase destaca a vitória sobre a morte na ressurreição. Na situação dos discípulos de Esmirna, encarando perseguições difíceis, seria especialmente importante lembrar da ressurreição de Jesus. O Senhor deles não fracassou diante da morte; ele a venceu! Eles, sendo fiéis, teriam a mesma esperança.

Esmirna é considerada pelos historiadores como o local do primeiro martírio cristão existente. A história da Igreja narrada por Eusébio de Cesaréia em sua obra denominada "História Eclesiástica", nos conta que foi em Esmirna que Policarpo (69 d.C.-155 d.C.), um discípulo do Apóstolo João, e principal pastor da Igreja, mesmo sendo sabedor da possibilidade do martírio, manteve-se fiel à Palavra e foi martirizado no ano de 155 d.C.

 

     Eusébio de Cesaréia

         Policarpo

 

Foi a postura de um jovem nobre chamado Germânico diante de seu próprio martírio, que a fúria dos perseguidores se voltou incontrolavelmente contra o líder da igreja em Esmirna. Os relatos indicam que o procônsul romano, Antonino Pius, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé e entregar seu rebanho, quando já avançado em idade e preso pelos seus inquiridores, Policarpo caminhou firme em direção ao estádio onde seria martirizado. Quando o governador lhe pediu para que negasse a Cristo, Policarpo lhe respondeu com autoridade: ‘Oitenta e seis anos tenho-lhe servido, e ele nunca me fez mal; e como posso agora blasfemar meu Rei que me salvou? [... ] Ameaça-me com fogo que queima por um momento e logo se extingue, pois nada sabes do julgamento que virá e do fogo da punição eterna reservada para os perversos. Mas, por que te demoras? Faze o que desejas.” As palavras de Policarpo enfureciam cada vez mais os seus algozes. Como de costume, o arauto se dirigiu ao centro do estádio e proclamou: “Policarpo confessa que é cristão”. Amarrado a uma estaca e sem roupas, antes de seus executores acenderem o fogo, Policarpo fez a seguinte oração:

Ó Pai de teu amado e bendito Filho Jesus Cristo, por meio de quem recebemos o conhecimento a teu respeito. O Deus dos anjos e poderes, e de toda a criação, e de toda a família dos justos, que vive diante do pai, bendigo-te por teres me considerado digno deste dia e hora, de fazer parte do número de mártires e do cálice de Cristo, até a ressurreição da vida eterna, tanto da alma como do corpo, na felicidade incorruptível do Santo Espírito. Que eu possa ser recebido entre eles em sua presença neste dia, como um sacrifício rico e aceitável conforme preparou, revelou e cumpriu o fiel e verdadeiro Deus. Assim, por essa causa e por todas as coisas louvo-te, bendigo-te por intermédio do sumo sacerdote eterno, Jesus Cristo, teu Filho amado. Por meio de quem seja a glória para ti no Santo Espírito, agora e para sempre. Amém

Eusébio nos narra em sua obra alguns detalhes do martírio de Policarpo, registrados numa correspondência enviada pela igreja em Esmirna às igrejas de Ponto. Antes de relatar os fatos relacionados ao martírio de Policarpo, na referida correspondência se encontra detalhes sobre os métodos empregados pelos martirizadores dos crentes em Esmirna:

Os que postavam à volta ficavam tomados de assombro ao vê-los lacerados por chicotadas, expondo o próprio sangue e artérias, de modo que a carne encerrada nas partes mais internas do corpo e as próprias entranhas ficavam à vista. Eles eram deitados sobre conchas do mar e sobre pontas afiadas de lanças sobre o chão. E depois de passar por todo tipo de punição e tormento, eram por fim lançados às feras

Quando nos deparamos com as narrativas acima, passamos a entender a necessidade da ênfase dada no início da carta à igreja em Esmirna à morte e ressurreição de Jesus, que certamente contribuiu para ajudar aqueles crentes fiéis a superarem o medo natural da morte e do martírio.

Sendo assim, observamos que foi na Igreja de Esmirna que é revelada a primeira estratégia de Satanás para frear e destruir o Cristianismo: a perseguição. No período de 30 d.C. a 100 d.C., vimos através da igreja apostólica, representada pela igreja de Éfeso, que ela era eficiente: pregou o evangelho por toda a Ásia, era fiel a Cristo. Os membros amavam mais a Cristo do que suas próprias vidas - uma lição para a igreja atual!

Porém, Satanás aprendeu que quanto mais perseguia a igreja, mais ela crescia! Portanto, a estratégia da perseguição falhou, de início. Veremos, no estudo sobre a igreja de Pérgamo, que Satanás muda sua estratégia e infelizmente dá um golpe de mestre no Cristianismo: ele contamina a igreja Cristã, através do imperador Constantino, que se declarou cristão, mas fundiu as religiões politeístas (vários deuses) greco-romanas com o Cristianismo.

Apenas para se ter uma idéia de como Satanás usava os imperadores para matar cristãos, citaremos algumas atrocidades cometidas no período:

·                Nero (54-68 d.C.) fazia "cristãos-tocha", ou seja, amarrava cristãos em mastros no jardim de seu palácio e os queimava vivos em público

·                A maioria dos imperadores levaram centenas de cristãos à arena do anfiteatro de Roma para serem devorados por leões, o que era visto pela cidade toda como platéia

·                Diocleciano (284-305 d.C.) foi considerado o maior opositor do cristianismo. Ele assinou um decreto para se eliminar as escrituras bíblicas da face da terra. Muitas cidades faziam cerimônias públicas para incineração das primeiras Bíblias

·                Alguns dos imperadores queimavam cristãos em fogueiras

·                Outros eram ainda mais sanguinários: cobriam cristãos com peles de animais e os lançavam aos cães selvagens, que os devoravam até a morte.

Entretanto, nem assim Satanás conseguiu impedir a Igreja de Jesus Cristo de crescer.

 

O Exemplo da Igreja em Esmirna

Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. (Ap 2.9)

 

Conheço a tua tribulação: Jesus, no meio dos candeeiros, viu o sofrimento de seus seguidores. Da mesma maneira que ele se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério (Mc 1:41), ele olhou com compaixão para aqueles que sofriam em Esmirna. Mesmo assim, ele não os poupou de toda a dor, como veremos no versículo 10. A palavra “tribulação”, aqui, significa pressão que vem de fora.

 

A tua pobreza (mas tu és rico): Apesar de morarem numa cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres. Provavelmente sofriam discriminação por causa da fé, e assim se tornaram pobres. É bem possível, também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho, como os macedônios fizeram para ajudar os irmãos necessitados alguns anos antes (2 Co 8:1-9). Mas a pobreza material não tem importância quando há riqueza espiritual (3 Jo 2). A situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor do que a da igreja em Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual (3:17).

 

A blasfêmia dos falsos judeus (9): Blasfemar é falar mal. Freqüentemente, refere-se a blasfêmia contra Deus. Aqui, porém, a blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos crentes em Esmirna. Esta difamação veio de pessoas que se chamavam judeus mas, de fato, não eram verdadeiros judeus. Os judeus, que tiveram uma sinagoga em Esmirna, perseguiam os cristãos. Ao invés de serem verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão (Jo 8:39-47; Rm 2:28-29), eram servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis (12:9-10; João 8:44).

A condição da igreja em Esmirna promove a desconstrução dos fundamentos da Teologia da Prosperidade e da Vitória Financeira. Os crentes de Esmirna eram fiéis, mas tal fidelidade provocou a tribulação e pobreza material deles, visto que na prospera cidade de Esmirna muitos foram obrigados a deixar os seus empregos, tendo também os seus bens confiscados. 

 

Não temas as coisas que tens de sofrer (10): O conforto oferecido por Jesus não é o livramento do sofrimento. Ele anima os discípulos em Esmirna a não desistirem diante das tribulações que viriam logo. Covardes não têm esperança em Cristo (21:8). Pessoas que fogem da sua responsabilidade diante de Jesus por medo de sofrer não são dignas da comunhão com ele. Pessoas que ensinam que o servo fiel será próspero e livre de sofrimento nesta vida não acreditam nas palavras que Jesus mandou à igreja em Esmirna!

 

O diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós (10): O diabo é visto como a fonte da perseguição. Alguns seriam presos, provavelmente aguardando julgamento e possível morte.

No meio da carta, existe menção a um personagem indesejável: Satanás. Gostaríamos que seu nome não estivesse ali, assim como não queremos considerar a possibilidade de sua interferência ou intromissão em nossas vidas. Alguns irmãos até imaginam que possam estar muito distantes da ação do inimigo. Entretanto, somos soldados, estamos numa guerra espiritual, e a proximidade do inimigo não nos deve parecer estranha. O Diabo lançaria alguns daqueles cristãos na prisão. Pode parecer incrível que ele possa fazer algo assim na vida do crente, mas, nesse caso, o fator determinante é a permissão divina em função dos seus propósitos soberanos. O texto não está se referindo à prisão espiritual, mas natural. Naquele tempo, o imperador romano estava perseguindo a igreja, prendendo os cristãos e matando muitos deles. 

Para seres postos à prova, e tereis tribulação de dez dias (10): A expressão “para que” indica um propósito. Nada acontece por acaso na vida do cristão. Muitas coisas vêm como consequência dos nossos atos, outras ocorrem porque Deus tem um objetivo através delas.

 

“Para que sejais tentados.” - Nesse caso específico, o propósito seria a tentação. Deus permite uma situação adversa para que a tentação ocorra, pois ela é necessária na vida do crente. Afinal, se Cristo foi tentado, por quê nós não haveríamos de ser? Gostaríamos que todas as situações desagradáveis fossem evitadas, e até oramos por isso. Entretanto, muitas dessas orações não serão atendidas porque a tentação precisa vir. 

Como a prisão poderia se tornar local de tentação? Aqueles cristãos presos seriam acometidos por pensamentos, reflexões e questionamentos a respeito da fé. Alguns deles perguntariam: “Por quê Deus permitiu isso? Eu sou filho dele, sou fiel, sou dizimista, sou servo do Senhor”. Não é o que acontece conosco? Quantos questionamentos vêm à nossa mente quando estamos debaixo da tribulação? Nesse momento, somos tentados a duvidar da presença de Deus e do seu amor para conosco. Nos piores momentos, somos tentados a negar a nossa fé e blasfemar contra Deus. Assim foi a tentação de Jó. A certa altura dos fatos, sua esposa lhe disse: “Amaldiçoa o teu Deus e morre.” Aquela foi a sugestão satânica nos lábios de uma mulher. 

“Tereis uma tribulação de dez dias” - Algumas situações têm prazo determinado. É uma realidade bíblica. Como exemplos, podemos citar os 7 anos de fome no Egito, os 400 anos de escravidão dos israelitas e os 70 anos de cativeiro babilônico. Deus determinou o tempo daquelas tribulações. O povo podia orar, jejuar e expulsar demônios, mas o problema permaneceria até que se cumprisse o prazo estipulado por Deus. Não podemos fazer uma regra nesse sentido, porque muitos males podem ser resolvidos imediatamente, conforme vemos em diversos episódios bíblicos. Entretanto, não podemos ignorar a possibilidade dos prazos determinados, porque esta será a explicação para algumas orações não atendidas. Aquela igreja poderia orar, mas a tribulação duraria dez dias, nem mais nem menos. Devemos orar sempre, mas precisamos também pedir o discernimento ao Senhor para não tomarmos atitudes e conclusões precipitadas. A tribulação continuará até que tenha produzido os resultados para os quais ela foi permitida pelo Senhor. Assim como Jesus não podia descer da cruz antes de sua morte, também nós não poderemos interromper algumas situações que nos sobrevêm. A lagarta não pode sair do casulo enquanto não se completar sua metamorfose. Interferir no processo seria um desastre fatal. 

 

O propósito da tribulação - Estamos diante de um aspecto que não pode ser plenamente compreendido ou explicado. Contudo, podemos propor algumas reflexões sobre os propósitos da tribulação. Paulo disse que a tribulação produz paciência, experiência e esperança (Rm.5.3-4). As situações difíceis que enfrentamos têm por objetivo nos ensinar muitas lições e desenvolver em nós virtudes e habilidades que, de outra forma, não teríamos. O atleta levanta pesos cada vez maiores a fim de desenvolver seus músculos, sua força e sua resistência. Da mesma forma, os desafios da vida podem nos tornar experientes, capazes e maduros, mas esses resultados não são alcançados por quem vive fugindo ou interrompendo seus exercícios. 

Sabemos também que a tribulação revela quem é o falso cristão e quem é o verdadeiro, assim como, na parábola de Jesus, a tempestade testou os alicerces das duas casas.

Na igreja de Esmirna havia uma mistura, conforme percebemos no texto. A tribulação seria a prova. Dali sairia os vencedores e os derrotados. Os falsos blasfemariam contra Deus, mas os verdadeiros permaneceriam fiéis. O Senhor já sabe quem é trigo e quem é joio. Entretanto, a prova é necessária para o autoconhecimento e para o testemunho diante do mundo. Ser fiel enquanto tudo vai bem não causa nenhum impacto nos ímpios. Todavia, se somos fiéis nas piores situações, então nosso testemunho se reveste de uma força impressionante. Dez dias

Existe um aspecto positivo nesta medida temporal. O prazo nos mostra que a tribulação não é eterna. Tal afirmação beira o óbvio, mas, muitas vezes, nos sentimos e agimos como se o nosso problema nunca fosse acabar. Deus está no controle. Ele já determinou um ponto final para todo o nosso sofrimento. 

 

Sê fiel até à morte (10): O fim desta perseguição, para alguns, poderia ser a própria morte. Mesmo assim, deveriam ser fiéis. Às vezes, arrumamos qualquer desculpa para não fazer algo que Deus pede. Mas nada, nem a nossa própria vida, deve ser mais importante do que a nossa fidelidade a Deus.

 

Enquanto isso... espere - Esperar é uma palavra cada vez mais abominável para o homem moderno, cuja vida está repleta de recursos tecnológicos que oferecem resultados imediatos. Porém, a Bíblia nos ensina a ser como o homem do campo que, ainda na atualidade, depois de semear, precisa esperar a chuva, a produção da lavoura e o amadurecimento do grão.

Se Deus sempre nos atendesse imediatamente, resolvendo todos os nossos problemas, não precisaríamos de qualidades tais como a paciência, a perseverança e a longanimidade. Vemos, portanto, que, em muitas situações, precisaremos esperar. Aguarde o tempo certo, a melhor ocasião, sabendo que o Senhor tem a hora propícia para todos os propósitos. Por exemplo, existe o tempo adequado para estudar, casar, ter filhos, etc. A precipitação tem causado inversões indevidas, produzindo consequências graves na vida. Saber esperar é uma virtude, desde que não seja para sempre. 

 

Esperar como? - Muitos estão esperando o livramento, o fim da tribulação, mas, enquanto isso, murmuram, reclamam, blasfemam, pecam. Esta não é a maneira correta de esperar. O Senhor disse: “Sê fiel até a morte”. Espere sendo fiel. Assim como Jó não blasfemou contra Deus, mas adorou, adoremos ao Senhor em todas as situações. Outro exemplo maravilhoso é o de José do Egito que, sendo escravo e prisioneiro, permaneceu fiel ao Senhor. 

 

Palavras de esperança - A carta à igreja de Esmirna contém muitos elementos negativos: tribulação, prisão, tentação e morte. Porém, vemos também ali palavras do Senhor para confortar aqueles irmãos. Antes de tudo, é importante ressaltar que Jesus é o autor daquela carta, e ele diz: “Conheço as tuas obras, tribulação e pobreza”. Ele conhece; ele sabe de todas as coisas. Nada lhe passa despercebido. Em alguns momentos, podemos pensar que ele nos esqueceu, mas isto não é verdade. Ele nos contempla e conhece tudo o que passamos nesta vida. Em todas as cartas às igrejas da Ásia, encontramos este verbo: “conheço”. Jesus não apenas conhece, mas tem o controle da situação. Por isso ele diz: “Não temas” (2.10). Não permita que o medo domine seu coração, mas creia no Senhor. 

 

E dar-te-ei a coroa da vida (10): A palavra “coroa” refere-se à coroa de vitória. A coroa da vida vem de Deus, o único que pode dar a vida (Jo 5:26; 14:6; 1ºJo 1:1-2). Aqueles que amam a vinda de Jesus receberão a coroa da justiça (2ºTm 4:8).

 

“Dar-te-ei a coroa da vida” - A caminhada do cristão pode ser árdua em muitos momentos, mas temos a promessa gloriosa da vida eterna. Se formos fiéis e aprovados, seremos coroados pelo Senhor. Qualquer interferência do inimigo terá sido incidente de menor importância no meio do caminho. Jesus é o primeiro e o último (2.8). Ele se apresenta como “aquele que foi morto e reviveu”. Este é o modelo para a igreja. Ainda que sejamos mortos por causa do evangelho, reviveremos para a vida eterna com o nosso Senhor Jesus Cristo. A carta à igreja de Esmirna não serve como incentivo a um “cristianismo” com enfoque terreno, imediatista e materialista, mas um cristianismo segundo Jesus Cristo, que nos leva a pensar nas coisas celestiais, em valores eternos, em vida eterna. 

 

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (11): Como em todas as cartas às igrejas, Jesus chama os destinatários a ouvirem a sua mensagem. Observe que esta frase fala “às igrejas” e não apenas à igreja de Esmirna. Portanto, aquela carta é também para nós. Devemos meditar nela e viver os princípios ali contidos, uma vida de vencedores para a glória do Senhor Jesus

 

O vencedor: Aqueles que permanecem fiéis diante das perseguições são vencedores com Cristo.

 

De nenhum modo sofrerá dano da segunda morte: Não sofreria o castigo eterno (20:6,14; 21:8). Os perseguidores poderiam até causar a primeira morte, mas os fiéis não sofrerão a segunda morte (Mt 10:28).

 

Conclusão

Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da cidade, tentando-os a abandonarem a sua fé para melhorar as suas circunstâncias ou até para evitar a morte violenta. Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem, as suas vidas eternas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”.

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