Estudo sobre as 7 Igrejas da Ásia Menor
17/11/2012 11:54
A mensagem do Apocalipse foi enviada principalmente “às sete igrejas que se encontram na Ásia” (1:4). Este fato é frisado várias vezes no primeiro e no último capítulos (1:4,11,20; 22:16). Os capítulos 2 e 3 são direcionados especificamente às igrejas, com uma mensagem especial para cada uma delas.
Estas sete cartas seguem a forma de decretos imperiais, começando a sua mensagem com a palavra “diz” (grego, legei). Estas cartas foram escritas num formato padrão (Saudação, Posição de Jesus, Avaliação da congregação, apelo a ação, Promessa de recompensa aos vencedores), mas o conteúdo de cada é específico e fala a respeito das necessidades da própria congregação citada.
Sete Igrejas Independentes
A necessidade de sete cartas bem diferentes reforça a importância de respeitar a autonomia de cada congregação. Estas sete igrejas se encontravam numa área relativamente pequena. Uma pessoa entregando todas as cartas faria um circuito de pouco mais de 500 quilômetros. Nesta área pequena, sete igrejas bem diferentes apresentaram características distintas. Jesus não enviou uma carta “ao bispo da Ásia” (não existia qualquer ofício de líderes regionais entre as igrejas primitivas) para resolver, de uma vez, todas as questões nas várias igrejas. As igrejas não eram subordinadas à autoridade de alguma hierarquia, e não havia laços estruturais entre congregações. Cada congregação era independente, com seus próprios desafios e sua própria personalidade. Cada uma recebeu um comunicado diretamente de Jesus, e lhe responderia diretamente pela sua obediência ou rebeldia. Ele não operou por meio de alguma hierarquia de autoridades eclesiásticas.
A Carta à Igreja em Éfeso
1 – CONTEXTO HISTÓRICO |
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Ao Anjo da Igreja em Éfeso (Apocalipse 2:1-7)
Vamos considerar o conteúdo desta carta. Confira na sua Bíblia cada citação.
A igreja em Éfeso (1):
a) Éfeso era uma das mais importantes dentre as onze cidades que constituíam a província romana da Ásia, chegando a possuir segundo os historiadores, uma população superior a um milhão de habitantes. Foi nomeada por Roma, capital desta sua província, em 133 a.C..
b) Estava situada na desembocadura do rio Caíster era um porto marítimo do mar Egeu. Distava cerca de 60 km ao sudoeste de Esmirna e duas estradas importantes cruzaram em Éfeso, uma seguindo a costa e a outra continuando para o interior, passando por Laodicéia.
c) Devido à sua localização estratégica, teve existência sempre tumultuada, ocasionando-lhe mudança de dominadores por várias vezes, entre macedônios, persas, sírios e romanos;
d) Nesta cidade havia entre outros, dois grandes edifícios: um como o foco de adoração da deusa da fertilidade,o templo de Diana (Ártemis) e o teatro. O templo foi considerado uma das dez maravilhas do mundo antigo, e o teatro foi um dos maiores conhecidos no passado, podendo acomodar uma assistência nada inferior a 24.000 sentadas;
e) Por causa do templo de Diana, Éfeso se tornou um grande centro religioso na sua época; os adoradores de Diana para lá se dirigiam costumeiramente, para sua adoração (Atos 19:27). Estes fiéis acreditavam que a estátua de Diana, que ficava no meio do templo era um meteorito que havia caído de Júpiter diretamente naquele lugar;
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O culto de Diana dos Éfesos se propagou por todo território da Ásia Menor, de onde vinham peregrinos de todas as partes. A imagem dessa deusa era representada por uma mulher com vários seios no seu dorso; uma referência a fertilidade. |
f) Além de Diana, adoravam também entre outros: Eros (deus pagão da sensualidade), Atenas (deusa da sabedoria), Esculápio (deus da medicina), e como não poderia deixar de acontecer, também adoravam o Imperador Romano, que tinha o seu altar e o seu templo. Lendo o livro de Atos, percebemos que esta cidade era realmente um grande centro de superstições, mágicas e espiritismo (Atos 19:19).
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Eros |
Atenas |
Esculápio |
A igreja de Éfeso foi fundada provavelmente por Paulo, Áquila e Priscila (Atos 18:18-28), sendo a passagem de Paulo por esta cidade marcada por grandes conversões e transformações de vidas (Atos 19:8-18). O Trabalho missionário de Paulo nesta cidade repercutiu de tal forma, que toda província romana da Ásia ouviu a mensagem do evangelho de Cristo. Diz ainda a tradição que o apóstolo João viveu em Éfeso por algum tempo, pastoreando a igreja local. No final de sua segunda viagem, Paulo deixou Áqüila e Priscila em Éfeso, onde corrigiram o entendimento incompleto de Apolo sobre o caminho do Senhor (Atos 18:18-26). Na terceira viagem, Paulo voltou para Éfeso, onde pregou a palavra de Deus por três anos (Atos 19:1-41; 20:31). Na volta da mesma viagem, passou em Mileto e encontrou-se com os presbíteros de Éfeso (Atos 20:17-38). Durante os anos na prisão, Paulo escreveu a epístola aos efésios. Também deixou Timóteo em Éfeso para edificar os irmãos (1 Timóteo 1:3).
Destas diversas referências aos efésios, podemos observar algumas coisas importantes sobre essa igreja. Desde o início, houve a necessidade de examinar doutrinas e aceitar somente o que Deus havia revelado. Assim, Áqüila e Priscila ajudaram Apolo (Atos 18:26); Paulo advertiu os presbíteros do perigo de falsos mestres entre eles (Atos 20:29-31), e orientou Timóteo a admoestar os irmãos a não ensinarem outra doutrina (1 Timóteo 1:3-7). A carta de Paulo aos efésios destacou a importância do amor (5:2), um tema frisado, também, nesta carta no Apocalipse.
2 – CONTEXTO BÍBLICO |
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a) Credenciais de Jesus - “... estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro...”(v.1).- As “sete estrelas” simbolizavam a liderança local das sete igrejas, e os “sete candeeiros de ouro” representavam as sete igrejas (1:20);- O que Jesus está então declarando, é que Ele próprio é quem assegura e mantém com firmeza (conserva), a liderança da sua igreja, estando também implícito aqui, o fato de que quem coloca ou retira um líder do seu lugar é Ele mesmo;- O texto diz ainda, que Ele se movimenta no meio das igrejas, dando a entender que o Senhor se ocupa todo tempo, tanto em abençoá-las, como em julgá-las;- Deste contexto, podemos concluir também, que o Senhor conhece o que se passa na sua igreja, pois tudo é transparente aos Seus olhos (Hebreus 4:12-13)- A uma igreja que começa a abandonar o “primeiro amor”, Jesus se apresenta como aquele que pode não somente sustentá-la nas provações, mas também, julgá-la por não se manter perseverante.b) Elogio:1 - “Conheço as tuas obras, assim o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste `a prova os que a si mesmo se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.”(vs. 2 – 3).- Não suportar homens maus – Depois de tantas advertências sobre o perigo de falsos mestres, a defesa da verdade se tornou um ponto forte da igreja de Éfeso. Homens que se alegavam ser apóstolos foram postos à prova e achados mentirosos (veja 1 João 4:1). Precisamos do mesmo zelo da verdade hoje. O mundo religioso está cheio de pessoas que se dizem profetas e apóstolos. Devem ser avaliadas conforme a palavra de Deus. Pessoas que alegam trazer novas revelações são mentirosas (Gálatas 1:8-9; 1 Coríntios 13:8; Judas 3). Os apóstolos eram testemunhas oculares de Jesus ressuscitado (veja Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8-9). Aqueles que se chamam apóstolos, hoje em dia, são falsos mestres.- No original grego, a expressão “conheço as tuas obras” está associada a comportamento e estilo de vida. Significa aqui que Jesus sabia do envolvimento daquela comunidade na obra de Deus, especialmente na evangelização (Atos 19:10 – Isto continuou, pelos dois anos seguintes, de modo que todo mundo na província turca da Ásia – tanto judeus como gregos – ouviu a mensagem do Senhor.)- Jesus afirma conhecer ainda a perseverança daqueles crentes, em meio a seu tão difícil contexto de vida, que tornava árdua a sua caminhada cristã, impondo-lhes certamente diversas provações;- Além do terrível quadro moral e social em que viviam, ainda sofriam o ataque de doutrinas heréticas, como a dos “gnósticos”, que ensinavam que a salvação era função apenas de conhecimento espiritual, e que carne e espírito são coisas dissociadas e incompatíveis entre si. Em Éfeso, entretanto, esses falsos apóstolos não encontraram guarida, pois a sua liderança era zelosa para com a sã doutrina;2 - “... tens contudo, a teu favor, que odeias as “obras dos Nicolaítas”, as quais eu também odeio.”(vs. 6)- Mais um ponto a favor, reforçando o elogio dos versículos 2 e 3. Os nicolaítas são mencionados somente aqui e na carta à igreja em Pérgamo (15). Não sabemos a natureza precisa do seu erro, mas sabemos que era abominável a Deus. Neste ponto, os efésios odiavam o que Deus odiava. Nós devemos fazer a mesma coisa, sendo amigos do bem (Tito 1:8) e detestando o mal (Salmo 97:10).- Os nicolaítas não podem ser encontrados na história da igreja. Uma vez que Apocalipse é um livro de profecia, ainda devemos atentar para o significado da palavra. “Nicolaíta” em grego é composto de duas palavras. “Nikao” significa “conquistar” ou “sobre outros”.“Laos” significa “povo comum” ou “povo secular”, ou “laicado”. Então “nicolaíta” significa “conquistando o povo comum”, “subindo sobre o laicado”. Nicolaítas, portanto, refere-se a um grupo de pessoas que se auto-avaliam muito acima dos crentes comuns e que conquistam, para dominar, o povo: Diótrefes (3 João 9-11) é um exemplo desta atitude. Naquele tempo o amor original foi se esfriando e a noção da irmandade entre os crentes, como numa família, foi sendo aos poucos esquecida; a conformidade com o mundo e a sua maneira de vida aumentou, os nicolaitanos tiveram sucesso em alguns lugares e uma organização de igrejas chamando-se católicas (universais) começou a se desenvolver através do comportamento e ainda não se havia tornado um ensinamento.- “Obras dos Nicolaítas” provavelmente indica de modo simbólico algum tipo de seita herética existente naquela comunidade. Alguns dos antigos “pais da igreja”, como Irineu, especulavam que esta seita teria sido fundada por Nicolau, prosélito de Antioquia (Atos 6:5), que havia segundo a tradição, apostatado da fé por causa da lascívia e da prática da imoralidade. Outros acreditam ainda, ser esta uma outra referência aos “gnósticos” já anteriormente mencionados. Qualquer que seja a interpretação, não vai alterar o que Jesus quer realmente ensinar, ou seja, que é seu desejo que haja em nosso coração, repúdio a falsas doutrinas e heresias.c) Repreensão – “Tenho porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor, lembra-te, pois, de onde caístes, arrepende-te, e volta à prática das primeira obras.” (vs. 4-5a)- A palavra grega traduzida como abandonaste, foi a mesma que Jesus usou para a questão do divórcio, dando a entender que uma igreja pode possuir todas as virtudes por ele mesmo elogiadas, e no entanto, trabalhar sem a motivação primeira do amor, sem o qual “nada disso se aproveitará” (I Coríntios 13:1)- O problema dos efésios não foi uma questão de doutrina correta, mas de amor. Abandonaram o seu primeiro amor. Esqueceram dos grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus (Mateus 22:37-40). Paulo instruiu os efésios sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão (Efésios 3:17; 4:2,16: 5:2; 6:23). Não devemos distorcer esta advertência para criar um conflito entre o amor e a verdade. Podemos defender a verdade, como os efésios fizeram e, ao mesmo tempo, praticar o amor. Foi exatamente isso que Paulo pediu aos efésios: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15).- Jesus pede três respostas dos efésios:1. Lembra-te, pois, de onde caíste: Não foram as alfarrobas dos porcos que levou o filho pródigo ao arrependimento; foi a lembrança da casa do pai. Para os efésios se arrependerem, teriam que lembrar da comunhão com Deus que deixaram para trás. Para permanecer fiéis, a presença de Deus precisa ser a coisa mais preciosa na nossa vida. Uma vez que caímos, é necessário desenvolver novamente o amor para com ele.2. Arrepende-te: O arrependimento é a mudança de atitude. Quando decidimos deixar o pecado e fazer a vontade de Deus, nós nos arrependemos. O pecador precisa se arrepender antes de ser batizado para perdão dos pecados (Atos 2:38). O cristão que tropeça precisa se arrepender e pedir perdão pelos seus pecados (Atos 8:22). Aqui, uma igreja cujo amor esfriou-se precisa se arrepender. Se a igreja não se arrepender, Jesus removeria o seu candeeiro. Eles não permaneceriam na abençoada comunhão com o Senhor.3. Volta à prática das primeiras obras: A mudança de atitude (o arrependimento) produzirá frutos (Mateus 3:8). Pelas obras, a pessoa arrependida mostrará a sinceridade da sua decisão. A igreja em Éfeso precisava voltar à prática do amor.d) Sentença – “... e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.”(vs 5b)- Aqui, a aplicação da sentença está claramente condicionada a ausência do arrependimento, caso em que, Ele iria remover dali aquela igreja;- Sabe-se através da história secular, que esta carta produziu grande quebrantamento na Igreja de Éfeso, a ponto de levar o bispo Inácio de Antioquia a declarar que no “tempo de Onésimo” aqueles crentes viviam em unidade e amor, seguindo todas as recomendações de Paulo;- Entretanto, por volta do ano 430 a.D., esta igreja já havia perdido novamente a motivação do amor. Em 400 a.D. um grande surto de malária assolou a cidade, quando então, muitos morreram, e o restante foi aconselhado a deixar aquela localidade. Nesta ocasião a igreja local de Éfeso sucumbiu totalmente.e) Promessa aos vencedores – “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.”(vs. 7)- Quem tem ouvidos, ouça: Freqüentemente, Jesus chama os ouvintes a ouvirem a sua mensagem (Mateus 11:5; 13:9,43; etc.). O problema de um coração teimoso se reflete nos ouvidos tapados que recusam ouvir a verdade (Mateus 13:15). Os efésios provaram aqueles que falavam, agora eles seriam provados pela maneira de ouvirem.- O Espírito diz às igrejas: Jesus transmitiu a sua mensagem por meio dos anjos das igrejas (2:1,8,12,18; 3:1,7,14), mas o Espírito, também, participa da revelação (veja 1:4) e da recompensa dos fiéis.- Ao vencedor ... árvore da vida ... paraíso de Deus: Através do contexto bíblico do livro de Gênesis, encontraremos segura interpretação para esta promessa (Gênesis 3:22-24). Primeiramente, observamos neste texto, que “árvore da vida” representa a possibilidade de se viver eternamente, possibilidade esta, transformada aqui, em promessa aos que perseverarem até o fim. Esta não é na realidade uma bênção que só um grupo de crentes vencedores receberá, mas uma promessa para todos os verdadeiros discípulos de Cristo (Mateus 10:38-39), que tem seus nomes escritos no livro da vida do cordeiro (20:15; 21:27); vale ainda, ressaltar aqui, que “vida eterna” biblicamente falando, traduz-se em recebermos a própria vida de Deus, em natureza, modelo e estilo. Em segundo lugar, vemos o fato desta árvore se encontrar no “paraíso de Deus”. Isto fala-nos de prazer, satisfação, e da plenitude espiritual que teremos quando estivermos em total comunhão com Deus, nos “alimentando então da árvore da vida”. Agora esta comunhão é parcial, mas naquela ocasião, nós O veremos e O teremos totalmente em nossas vidas (I Coríntios 13:12). |
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ConclusãoUma igreja rodeada por religiões falsas e sujeita à influência de homens maus precisa examinar todos os ensinamentos e rejeitar todas as falsas doutrinas. Mas ela precisa, também, demonstrar o amor verdadeiro para vencer o mal. Devemos amar a verdade, não somente pelo desejo de ser “corretos”, mas porque ela vem do Deus que merece nosso amor. Devemos amar aos outros, porque foram feitos à imagem e semelhança de Deus. “Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” (1 João 4:11). |
Mensagem do pastor
Arrependimento
01/04/2013 22:56
Arrependimento.docx (13,4 kB)
Caminhos difíceis
09/03/2013 23:22
Caminhos difíceis.docx (13,1 kB)
Tesouro Jesus
01/03/2013 23:21
Jesus Nosso Maior Tesouro.docx (21,6 kB)
Deus e adoração
14/02/2013 23:15
Deus procura seus adoradores.docx (12,3 kB)
Ensino/ discípulo
03/02/2013 22:49
Quando ensinamos estamos discipulando.docx (13,7 kB)