Quadrilátero Wesleyano
Quadrilátero Wesleyano (Jó 42.5)
Introdução: “Surge alguma dúvida sobre o que eu leio? Aparece alguma coisa obscura ou confusa? Ergo o meu coração ao Pai das luzes: Senhor, não diz a tua Palavra: ”Alguém dentre vós tem falta de sabedoria? Peça a Deus”. Pois dás a todos de boa vontade, e a cada um e a todos tratas com bondade. Tu disseste: ”Se alguém quer fazer a tua vontade, a conhecerá”. Quero fazer a tua vontade: dá-a a conhecer”. (João Wesley). Estas palavras do Rev. João Wesley nos mostra o seu interesse em conhecer bem as Escrituras e para isso ele criou um método que posteriormente seus biógrafos deram o nome de “Quadrilátero Wesleyano”. Esse método consistia em interpretar a Bíblia por quatro vertentes que abordaremos neste momento.
1 – Bíblia: A Bíblia mesmo é o melhor instrumento para sua própria interpretação; Bíblia deve ser explicada pela Bíblia, isto é, passagens dificilmente compreensíveis, por outras, que somos capazes de compreender, conforme “a analogia da fé”, tomando em consideração as mensagens de fé claramente reconhecíveis e fundamentais da Escritura.
2 – Tradição: A tradição que Wesley se refere é a utilização dos escritos dos três primeiros séculos da Era Cristã, onde a Igreja vivia nitidamente a Palavra do Deus vivo. Como disse João: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.” (Jo 21.25). Muitas coisas aconteceram e não estão na Bíblia e como saberemos destas verdades? Aqui entra a tradição. Tendo em vista aquela igreja vivenciar bem a Palavra de Deus, Wesley dá crédito aos escritos do que chamamos “Pais da Igreja”, homens que contribuíram muito para a continuidade da implantação do Reino de Deus. Tradicional não quer dizer sem a experiência da unção do Espírito Santo, mas na verdade é ter uma história rica da ação deste Espírito.
3 – Razão: Razão é consciência, razão é a capacidade de pensar e isto é Dom de Deus, e o Espírito de Deus a utiliza para interpretarmos a Bíblia. É justamente através da razão que coordenamos entre si as afirmações bíblicas, reconhecemos os seus variados contextos e explicamo-los a outros. Desta forma nós plantamos a semente do Evangelho no coração de outras pessoas e testemunhamos o ardor da missão onde estejamos.
4 – Experiência: Muitas vezes simplesmente a razão explica a Bíblia, mas existem alguns momentos que só conseguimos entendê-la através da experiência. Temos na experiência de Jó (Jó 42.5) um exemplo bíblico e clássico do valor da experiência pessoal. Muitos dizem que conhecem a Deus, mas é mentira porque Deus só é conhecido através do novo nascimento; através de um confronto. Pessoas crentes a muitos anos conhecem a Bíblia pela razão, louvado seja a Deus por isso, e Deus fala muito com elas através de sua Palavra, mas quando algum texto está meio confuso, tipo Atos 1 e 2, entra a famosa desculpa: “Eu entendo dessa maneira e para mim basta!”, mas na verdade esse crente gostaria de entender mesmo. É aqui que entra a experiência. É preciso orar, é preciso questionar a Deus: “como foi isso?”, é preciso pedir a Deus a revelação, é preciso pedir a Deus: “faça acontecer de novo” (Billy Grahn). A experiência pessoal deve ser buscada, perseguida e achada; não se limite a experiência que você já teve.
Conclusão: Este é Quadrilátero Wesleyano, uma hermenêutica simples, ao alcance de todos nós, que faz de nós, povo metodista, um povo que tem uma interpretação bíblica prática, uma vida cristã prática e frutífera e um desejo ardente no coração: “espalhar santidade bíblica a toda a nação” (João Wesley).
Que o Eterno nos dê capacidade e renovadas experiências!
Pr. Clóvis Barbutti Lessa