Sob fogo cruzado

14/12/2012 22:41
 
          “Sob fogo cruzado”, essa é uma expressão que já ouvi muitas vezes quando me especializei no CFN, mas em nenhum curso ou treinamento que fiz nos meus vinte e cinco anos de vida militar foi tão próximo a realidade que vivi juntamente com o rebanho que pastoreei entre os anos 1994 a 2001, na Igreja Metodista em Vieira Fazenda, Jacarezinho. As cenas de guerras civis que costumamos ver nos noticiários de televisão era o nosso próprio cotidiano. Cada vez mais nos impressionávamos com tamanha crueldade praticada na localidade naquele período. Vou citar dois exemplos dos diversos que presenciei: um foi quando estava me dirigindo ao IML para levar uma família para o reconhecimento do corpo de um ente da mesma em um atropelamento, e, de repente, na rua Nossa Senhora das Graças, entre a Praça da Concórdia e o “pontilhão”, começou um tiroteio e por motivo da rua ser tão apertada não era possível manobrar para retornar, então conduzi o carro até ao lado de um beco e abri a porta do carona para as pessoas que estavam dentro poderem sair com segurança. Logo após o término do tiroteio, quando já havia um pouco de segurança, retornamos ao carro para e irmos, então, para o IML. Porém, foi nesse segundo exemplo que agora cito é que fiquei com o coração apertado, pois eu e minha família assistimos, a menos de dez metros a nossa frente, “as línguas de fogo” das pistolas que executavam dois rapazes e uma moça na noite de 02/03/1999; posteriormente ficamos sabendo que os corpos foram queimados para cumprir o “ritual”. Os dois fatos aconteceram na mesma rua.
          Cenas como essas ainda tem sido vista constantemente por pessoas da comunidade, mas o que estava me deixando mais perplexos sobre a violência era o fato de não haver mais o respeito às igrejas e seus membros como acontecia tempos atrás. Particularmente, em nosso caso, naquela época, sofríamos por causa da invasão que tinha acontecido na laje da igreja. Tentei dialogar com os “meninos” para não usarem o espaço físico da igreja para se esconderem ou, quem sabe, para outros fins, mas não tive êxito. Contudo, depois de muito orar, dialogar e tentar outros meios, resolvemos fechar a laje com muros e uma cobertura para que eles não utilizassem mais aquele lugar como se fosse um posto de sentinela. Cansamos de perder para eles o bom espaço que tínhamos de laje (184m²) onde as crianças poderiam estar brincando já que não podiam brincar na rua.
          Como militar conheço bem o perigo real sobre os armamentos e artefatos que nos acostumamos a ver, inclusive na referida laje. Mas é como pastor que vinha a preocupação maior, pois, segundo alguns dos “meninos”, havia um certo tipo de pacto maligno e a parte que cabia a eles, nesse pacto, é de matar pelo  menos um por dia. Entendo que a questão sobre a violência ultrapassa os limites naturais e passa para o campo espiritual de sacrifício de vidas. O interessante nessa situação é que as Igrejas no Jacarezinho tem crescido muito através da conversão de bandidos, mas paralelamente a isso vem a violência tentando inibir as nossas ações.
          Para tentar reverter esse quadro terrível, tivemos que adotar algumas táticas, que eu diria ser de guerra, e que encontramos na Palavra. Desta forma, com a necessidade de defendermos as nossas instalações, como fez Neemias (Ne 4.17), fomos obrigados com uma mão realizarmos mutirões para levantarmos os muros e com a outra segurarmos as nossas armas (Bíblias), que em alguns casos servia e ainda serve de passaporte.
Infelizmente, devido à necessidade urgente de se levantar os muros para nossa segurança e para continuarmos a obra de Deus naquele lugar, não houve tempo para um planejamento financeiro, como deve acontecer antes de toda obra. Contudo, como sempre aconteceu conosco, Deus entrou com sua providência e dessa vez usou o ex Presidente da Associação dos Moradores, o Sabá, um companheiro de luta pelo bem estar da comunidade, para ser o intermediário entre nós e um laboratório farmacêutico que fechou suas portas ali por causa da violência e se transferiu para outro bairro, e, sendo assim, recebemos uma doação de boa parte do material que precisávamos para concluir a obra.
 
Clóvis Barbutti Lessa, Pr.     

 

Mensagem do pastor

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Ensino/ discípulo

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